sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Títulos que se perdem na história

O modo como a média dos brasileiros lida com futebol está muito ligado à um tipo de fanatismo totalmente irracional, que dificulta um debate mais sério sobre algum assunto sem clubismo. Um tópico que é difícil discutir é a unificação dos títulos brasileiros de 1959 a 70, que aconteceu em 2010.

Como a única coisa que importa é a zuera, os torcedores que aumentaram o número de títulos foram a favor, e os torcedores que não tiveram nenhum ganho foram contra.

Sem entrar no mérito da questão, sou um admirador da história dos times, aqueles acontecimentos que vão se somando e formando a identidade de um clube e causando a identificação do torcedor por esse clube ou não. É inegável, por exemplo, que o time do Cruzeiro, com Piazza, Dirceu Lopes, Tostão e outros, campeão da Taça Brasil de 1966, teve enorme influência na subjetividade de toda uma população.

Taça Bueno Brandão - 1914
O que me incomoda nessa história é o torcedor que precisa da chancela de alguma instituição (seja CBF, FIFA ou a mídia) pra reconhecer a história do seu ou outro time. Explico. Se a FIFA não reconhece os títulos do Torneio Intercontinental como Mundial Interclubes da FIFA, ela como instituição está no direito de fazer isso. Duro, é o torcedor não reconhecet a equivalência histórica dos torneios.

Esse jeito brasileiro de torcer está muito mais ancorado na ideia de que "eu torço pelo meu time porque ele é o melhor" (mesmo quando claramente ele não é em alguns aspectos se comparados com outros times: títulos, número de torcedores, fanatismo...), do que "eu torço pelo meu time porque eu gosto desse time e ponto, independente se é o melhor ou não".

Mas voltando à necessidade da chancela das instituições, muito me incomoda a pouca importância dada pelos torcedores do Atlético e do próprio time aos títulos da Copa Conmebol de 1992 e 97 e a Copa dos Campeões de 1937. Embora não tenha sido o torneio mais importante da época, indiscutivelmente o nível técnico das Copas Conmebol conquistadas pelo Atlético era maior que a atual Copa Sulamericana, considerada hoje como "O outro lado da glória". Em ambas o Galo conseguiu a vaga por ter ficado em 3º colocado nos Campeonatos Brasileiros dos anos anteriores.

O outro caso, imortalizado no hino do clube, o título de Campeão dos Campeões que foi tratado pela imprensa mineira como Brasileiro na época, também é pouco lembrado. Digo, racionalmente lembrado, pois é cantado a todo momento. Mas fato é que o aniversário de 80 anos dessa importante conquista no início desse mês foi pouquíssimo lembrado.

É certo que a falta de continuidade de certos torneios contribui para que sua importância histórica seja minimizada ou até mesmo esquecida, mas o torcedor que tanto se diz fanático não pode minimizar suas conquistas.

À revelia da instituições atuais, "Nós somos Campeão dos Campeões" e isto é gigante.